terça-feira, 20 de março de 2012

Percepções de uma noite de março


Teria que chover, era dia santo de chuva.

Colocou seu vestido mais bonito, seu salto alto cor de carmim, sua maquiagem mais forte. Porque nós mulheres gostamos de ser impactantes.
A sala era a mesma de todos os dias, o mesmo recinto que recebeu seus corpos em noites sublimes de amor, mas tudo tava diferente, não eram apenas os dois, eram várias pessoas, algumas ela gostava e até sorria, já outras ela não sentia a menor empatia.
Foi quando tudo começou a girar a sua volta em um ritmo desarmônico e voraz, não conseguia mais ver nada, nem prestar atenção nos que com ela dialogavam, apenas sorrisos automáticos e uns ahans monossilábicos.
As pessoas dançavam (ela não sabia, mas sua mente percebeu assim), uma dança naquele ritmo desarmônico de outrora, foi quando todos que dançavam, tomaram forma de um só ser, eram apenas um. Teve medo, quis gritar, quis chamar por ele e tirá-lo daquele lugar. O Ser era grande, falava alto, sorria desesperadamente, olhava pra ela, como se dissesse: "Hey mocinha ele é meu, ele não pertence a você. NÓS O TEMOS. É só uma questão de tempo, para as coisas caminharem na direção que deve ser".
Quis mais uma vez chorar, olhou pra ele com um olhar de cumplicidade que só ele podia interpretar, mas não, ele não viu, dessa vez ele não interpretou, estava encantado com o ser sagrado. E ela....Ela era apenas o profano!

E o dia de Santo, acabou chovendo no olhos de uma pecadora qualquer...

3 comentários:

  1. De passagem: vasculhando essa cabecinha.
    Parece que todos os meus amigos escrevem melhor do que eu...
    Não sei se esse é o caso, mas quase sempre as histórias se fazem sozinhas, elas só precisam de alguém com sensibilidade para percebê-las e habilidade para capturá-las numa teia de palavras.
    Abraço =)

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  2. Eita, eita... tá ficando boa nisso ein...

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  3. Em muitas coisas que você faz, nos sentimentos que você sente.Se você soubesse o quanto que o sagrado habita mais em uma humana pecadora cheia de coisas, do que num santo vazio...

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